Nunca engoli essa necessidade da impressa de criarr rótulos e tentar colocar bandas de estilos tão dispares num mesmo saco.Tudoo bem que mercadologicamente é mais interessante para gravadoras e imprensa, porém tende a intimidar e esconder coisas tão qualitativas assim como põe em exposição gosto duvidoso. Parafusa é uma dessas vítimas. Enquanto meio mundo vive a procura de uma nova cena pra Recife, tentando agora vender o peixe de que esta é a vez dos Indies, o tal rótulo limita novamente as bandas que venham a ter ingredientes a MPB. Talvez por força dessa intimidação, talvez por estratégia, o certo é que o PARAFUSA demorou a lançar seu disco de estréia e já deveria ter sido devidamente reconhecido. O estresse urbano, a esperança de nordestino e um amor onírico ,capturados por poesia carnavalesca e circense, eis a temática central, mais uma forma de declarar o amor, sem apelar para o passional e ainda sim sendo melancólico. Eis o belíssimo disco.
PARAFUSA - "Meio Dia Na Rua da Harmonia" (2004, independente)
A Banda é formada por:Diogo Andrade, Juliano Ribeiro e os irmãos Araújo, Lucas e Tiago . Em 2002 lançaram a Demo-EP "Não Ria de Mim", "Michel" foi o destaque da então promissora banda, o que lhes rendeu uma enorme expectativa pela estréia em disco e também lhe rendeu uma comparação equivocada com a banda Los Hermanos (.Sobre isso é bom ressaltar que ambos passeiam pela MPB, porém, os caminhos são bem diferente. Enquanto nos cariocas existe uma temática de certa forma bem passional e romântica, os Recifenses acelerem em contos urbanos revestidos por aura circense).E 2004 foi o ano divisor de água para o Parafusa. A apresentação no Festival Coquetel Molotov no AR, onde abriram para o show do Teenage Fanclub, foi um marco, puderam expor e testar o material que seria gravado ainda no mesmo ano para seu então disco de estréia.
Fugindo de comparações e mergulhando de cabeça na força de suas composições, o Parafusa finalmente nos apresenta seu disco de estréia, uma obra singular, no quesito consistência , poética e qualidade de produção."Meio Dia na Rua da Harmonia" é um leque bem trabalhando de cançonetas inspiradas e recheadas de um lirismo revigorante, nos remetendo à MPB, Chico Buarque, Rock progressivo, Saltimbancos e canções inspiradamente circenses.
Destaques para:
*"A História do Boi Tatau", digna de corações saudosistas, relembrando uma infância esquecida e tão próxima;
*"Ultima Troça" é melancólica e forte, combinando perfeitamente guitarra com uma ladainha religiosa no final;
*"Pra Quando Dormir" busca a esperança, instiga lutar , numa melodia bem rock progressiva;
*"A Dama do Porto", espécie de conto urbano, pontuado pela bela voz de Diogo e uma canção bem MPB.
